Você já viu isso acontecer.

Um casal termina. E, de repente, uma das pessoas aparece com outro alguém.

Nova foto. Nova legenda. Novo sorriso.

Parece que superou rápido, né?

Mas será que é verdade?

A verdade é que muitos de nós, especialmente homens gays, não aprendemos a lidar com a dor.

Fomos ensinados a esconder o que sentimos.

A fingir que tá tudo bem.

A parecer forte, mesmo quando por dentro tá tudo desmoronando.

Por isso, logo depois do fim, muita gente corre pra se ocupar.

Baixa um app. Marca um encontro. Posta uma foto.

Não é amor. É escudo.

A substituição rápida não é porque o novo é incrível.

É porque o vazio do antigo dói demais.

E a gente quer calar essa dor de qualquer jeito.

Mas tem uma coisa que ninguém te conta:

o que a gente não sente… volta.

Volta em forma de ansiedade.

De angústia.

De noites mal dormidas.

De repetições que machucam.

Fugir do luto não é força.

É medo.

E tudo que a gente evita sentir… uma hora cobra o preço.

Ficar sozinho dói? Dói.

Sentir saudade? Também.

Chorar? Às vezes é o que mais alivia.

Mas é nesse espaço, onde não tem filtro, nem distração que a gente começa de verdade a superar.

Ser homem, ser gay, ser sensível , tudo isso pode coexistir.

Não tem fraqueza em dizer: “Hoje, não tô bem.”

A verdadeira força é parar de provar pros outros que seguiu em frente,

e finalmente seguir.

Quer saber se superou?

Pense no que ainda te incomoda.

Se ainda sente vontade de mostrar que superou, talvez ainda esteja fugindo.

A verdadeira superação não precisa de curtidas.

Nem de palco.

Ela acontece no silêncio.

No reencontro com você mesmo.

Substituir alguém não te cura.

Só adia a dor.

E quem vive fugindo da dor… acaba se afastando de si.

Quantas vezes você chamou de “superação” o que, no fundo,

era só medo de sentir de novo? 

Por André Luiz Santiago Eleuterio