Trama golpista: Filipe Martins diz ter sido usado como bode expiatório

O ex-assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, afirmou, nesta quinta-feira, que acredita ter sido usado como bode expiatório pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama golpista envolvendo o ex-presidente. Segundo Martins, houve seletividade por parte da Polícia Federal em seu indiciamento no caso.
“Eu considero, sim, que tenha havido uma seletividade por parte, sobretudo, da Polícia Federal em relação à minha pessoa. Seletividade que começa, evidentemente, com um delator que conta uma série de mentiras, mas que poderia ter sido sanada de forma muito clara. E explico por quê. Quando o delegado Fábio Shor, ao colher os depoimentos da delação do coronel Mauro Cid, ele pergunta de forma objetiva e clara: coronel Mauro Cid, o senhor tem algum elemento material que corrobore tudo isso que o senhor está dizendo sobre o Filipe Martins? Ele fala, não, doutor, não tenho. E o delegado, aparentemente, ignora que um acordo de delação precisa, sim, ser corroborado por elementos de prova.”
Em seu depoimento, Martins destacou que há pareceres da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR) que colocaram em dúvida a credibilidade da delação de Mauro Cid, inclusive, apontando indícios de proteção de pessoas por parte do delator.
Martins foi interrogado nesta quinta-feira (24) e é um dos seis réus do Núcleo 2 da ação que apura a trama golpista, que, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, visava manter Bolsonaro no poder.
Na delação, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou, por exemplo, que Filipe Martins participou de uma reunião com comandantes das Forças Armadas e Bolsonaro, no dia 7 de dezembro, ocasião em que teria apresentado uma minuta de decreto golpista para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos os réus do Núcleo 2 respondem pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
*Com informações da Agência Brasil
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