A Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, proibiu em definitivo a Passaredo Transportes Aéreos de operar voos comerciais no Brasil. Além da cassação do Certificado de Operador Aéreo, a empresa também foi multada em mais de R$ 570 milhões.

A decisão foi unânime e não cabe mais recursos. A Voepass, inclusive, já está em recuperação judicial com dívidas que ultrapassam os R$ 400 milhões.

O certificado cassado pela Anac representava a responsabilidade e o compromisso da empresa em seguir os padrões de segurança exigidos na aviação civil. Sem ele, não é permitido realizar o serviço de transporte aéreo. A Voepass já estava com as operações suspensas de maneira cautelar desde 11 de março deste ano. Com a cassação, a companhia fica impedida de realizar voos regulares pelos próximos dois anos.

A Passaredo é a principal empresa do grupo Voepass. Em agosto do ano passado, uma das aeronaves da companhia sofreu um acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, que deixou 62 mortos. O caso se tornou a maior tragédia em número de vítimas da aviação brasileira nos últimos 17 anos.

Segundo a Anac, o certificado da Passaredo foi cassado após terem sido identificadas “falhas graves e persistentes no Sistema de Análise e Supervisão Continuada da companhia”. A operação assistida, realizada pela agência, identificou que sete aeronaves da companhia realizaram mais de 2.700  voos sem a realização de 20 inspeções obrigatórias, configurando falhas graves de segurança operacional.

Um dos problemas detectados pela Operação ocorria após a manutenção das aeronaves. A conferência que deveria ser realizada por um segundo profissional habilitado que não participou do serviço não estava sendo realizada. Essa revisão serve justamente para se ter a certeza de que tudo foi feito corretamente.

A falha foi apontada pela Anac e inicialmente corrigida pela Voepass — mas, ainda assim, voltou a se repetir com outras aeronaves da frota e em diversas outras tarefas de manutenção. Para a agência, houve a perda de confiabilidade dos mecanismos de detecção e correção de problemas da empresa.

A nossa produção entrou em contato com a Voepass, que ainda não se manifestou sobre a decisão da Anac de proibir a empresa de operar voos comerciais no Brasil.